quarta-feira, 11 de junho de 2008

"Escurecer"

A vida que levo irá desaparecer
Sendo cada dia mais longo
Perdendo-me dentro de mim mesmo
Nada importa, ninguém mais importa
Eu perdi a vontade de viver
Simplesmente não tenho nada mais a dar
Não há nada mais para mim
Preciso do fim para me libertar

As coisas não são o que parecem...
Perdido dentro de mim
Mortalmente perdido, isto não pode ser real...
Não posso suportar este inferno que sinto
O vazio preenche-me
Ao ponto de sentir uma tremenda agonia
As trevas crescem tomando a aurora
Eu fui eu, mas agora
Ele já partiu

Ninguém além de mim me pode salvar, mas é tarde...
Agora não posso pensar, porque eu deveria ao menos tentar

O ontem parece que nunca existiu
A morte acolhe-me carinhosamente, agora
Eu irei apenas dizer adeus

Não tenho por hábito traduzir musicas, pois perdem a sua magia, mas esta merece-o, é algo de extraordinário, que praticamente toda a gente deve conhecer, "Fade to black" dos Metallica

domingo, 8 de junho de 2008

Medo

Muitas vezes, naqueles fatídicos momentos, quase em estado de transe, em que a insónia madrasta nega o descanso pelo qual um conjunto intérmino de organismos tanto implora, acordado no meio de um sono que tarda, dou por mim a pensar nas mais remotas causas não da existência humana, mas do que motiva os seus actos, e no que nos torna únicos.
Não será o preço a pagar pela racionalidade demasiado elevado?
Não nos teremos esquecido de toda a essência escondida por trás do verbo “viver”?
É incrível como passamos o tempo que nos é concedido nesta curta passagem, a repetir todos os erros que já cometemos no passado, sem no entanto mudar de atitude perante um futuro diabólico!
Se calhar sem ninguém se aperceber e ainda menos gente a o querer admitir, com tanta evolução, demos uma volta demasiado grande, reavivando instintos que há muito se pensavam perdidos. Pois vivemos num mundo, perdoem-me, penso que será mais apropriado utilizar a expressão “sobrevivemos”, onde cada um luta para se manter na corrida, para não perder a fútil batalha pela tal prometida felicidade…
Acordar ainda de noite, sendo as primeiras preocupações o preço do petróleo, a cotação das bolsas de valores, o preço dos alimentos, qual a mais recente nação a passar por dificuldades que pouco têm a ver com o quadro que nos querem pintar mesmo à frente dos olhos, onde rebentará a próxima batalha, que poderá não ser pelo ouro negro mas sim por algo que julgamos inesgotável, ect…
Isto num curto intervalo, é claro, pois afinal de contas aproxima-se um longo dia. Sair de casa sem um simples bom dia dar aos filhos, entrar num transito caótico de um inexplicável nicho populacional, quando existem tão vastas áreas por desenvolver, chegar ao emprego e passar o dia apertado numa gravata e escondido por uma secretária, a tomar decisões que de tão insignificantes que são, poderão alterar o rumo do mundo num curto ápice de tempo.
Sair da “prisão”, com uma enorme quantidade de problemas, que teimam em não ficar para trás, mais transito, chegar a casa num mísero estado, jantar com o que ainda se considera ser uma família, mais trabalho e depois tentar descansar um pouco, pois já se aproxima o próximo dia…
O pior, é que pensas que será algo passageiro, que assim que atinjas algo que não sabes bem o quê, tudo será diferente. Mas o medo é muito, e esta rotina diária será mantida por muitos e longos anos.
E o que realmente importa, onde estará?
Não se cansa o homem de enumerar todos os seus actos de racionalidade e superioridade. Não terá chagado à beira do abismo? Mas mesmo assim insiste em não olhar para trás e aprender com tudo o que já provocou…
Vive como uma máquina, cujo operador programou aquando da sua génese, e que se limita a cumprir tais funções até ao final dos seus dias, isto salvo raras excepções é claro, maquinas mal programadas ou vítimas de vírus.
Afinal de contas não é isto que se passa neste nosso mundo?
Nasce-se, tem-se tudo o que se precisa, passa-se a infância a jogar consola, num isolamento precoce, estuda-se, sonha-se com uma vida “brilhante”, preso em si próprio a trabalhar dia e noite na esperança de atingir a tão idolatrada “felicidade”.
Se isto é a racionalidade, então não, Obrigado!
Nem imaginam como me dá prazer ver um ser “tão insignificante” com um coelho a fugir dos seus predadores, a lutar pela sua sobrevivência, pela liberdade, e nada mais. Tudo parece tão simples…
Porque temos nós o dom de complicar e confundir as coisas simples?
Caímos num inacreditável comodismo, do qual não nos conseguimos livrar. Será que nunca conseguiremos olhar para trás e aprender, para não cometermos os mesmos erros no presente e possibilitar um futuro risonho?
Não percebo porque “também” me continuo a martirizar em busca de uma vida ideal e de uma felicidade falaciosa, quando o que mais me valoriza é a LIBERDADE. Liberdade esta que só a espécie mor não consegue atingir, e que tenta a todo o custo retirá-la a todos os outros seres!
Serei eu um vírus desta sociedade já em si doente? Sinceramente, se o for, só espero conseguir infectar o maior número possível de mentes! Pois será preciso muito mais que meras palavras para invertermos o rumo actual.
Num futuro próximo onde se antevêem tantas mudanças, que se mude o centro de todo o problema, que se mudem os hábitos! Que se perca o medo de assumir os erros e finalmente dar um passo em frente!

Depois de todo este desabafo, certamente que terei um sono muito mais descansado. Entretanto por cada noite em claro, cada desilusão ou cada vitória, aproveitarei para escrever e reflectir.


Filipe Entradas